O território do Essequibo, uma extensa área de 159 mil km² localizada na atual Guiana, está no centro de uma longa disputa territorial que afeta diretamente as relações entre Venezuela, Guiana e, historicamente, o Brasil. Esta região, rica em recursos naturais e estrategicamente posicionada, tem sido motivo de tensão política e diplomática desde o início do século XX.
Originalmente parte de uma disputa entre a Venezuela e a Grã-Bretanha, então potência colonial da Guiana, o Brasil foi indiretamente envolvido devido a um erro de demarcação de fronteiras durante arbitragens internacionais. A região em questão foi impactada pela “Questão do Rio Pirara”, onde o Brasil acabou perdendo território para a Inglaterra, uma situação que continua a repercutir até hoje.
Quais foram os Eventos Históricos que Levaram à Disputa Pelo Essequibo?
A disputa começou no século XIX, quando a Grã-Bretanha, colonizadora da Guiana, e a Venezuela, reivindicaram simultaneamente a região do Essequibo. A Alemanha, que estava intermediando na época, propôs uma linha de demarcação conhecida como Linha Schomburgk, que acabou sendo aceita em um primeiro momento. No entanto, essa linha invadiu o território que, segundo o Brasil, pertencia a ele.
A questão foi levada a arbitragem internacional, onde Joaquim Nabuco, o representante do Brasil, argumentou que a demarcação proposta era imprecisa e injusta, pois incluía áreas sob jurisdição brasileira. A Inglaterra, no entanto, saiu vitoriosa no caso, consolidando o controle da Guiana sobre o território.
Por que a Venezuela Reivindica o Essequibo Atualmente?
Nos últimos anos, a Venezuela, sob a liderança do presidente Nicolás Maduro, reativou suas reivindicações sobre o Essequibo, utilizando um mapa baseado nos erros de arbitragem do passado. Este mapa não só inclui territórios anteriormente disputados pela Inglaterra, mas também partes ao sul que já estiveram sob disputa brasileira.
A justificativa da Venezuela se baseia em reivindicações históricas e em um sentimento de soberania subjugada durante o período colonial. A utilização de mapas antigos e controversos surge como um meio de pressionar pela renegociação das fronteiras, em meio a um contexto geopolítico que não só reflita o embate territorial como também as alianças e tensões entre países sul-americanos.