Em meio ao cenário urbano de Istambul, uma das cidades mais emblemáticas do mundo, destaca-se uma obra de engenharia que redefiniu a mobilidade entre Europa e Ásia: o Projeto Marmaray. Esta iniciativa inovadora tornou possível a travessia ferroviária sob o Estreito de Bósforo, conectando dois continentes e transformando o transporte público local e internacional.
O Marmaray é reconhecido não apenas por sua complexidade técnica, mas também pelo impacto que exerce sobre o comércio, a mobilidade e a preservação histórica da região. O conceito de criar uma ligação subterrânea entre as margens europeia e asiática de Istambul existe desde o século XIX.
No entanto, foi apenas no século XXI que avanços tecnológicos e a necessidade crescente de soluções para o trânsito intenso da cidade permitiram a concretização desse projeto. O Marmaray representa, assim, a realização de um antigo sonho, além de responder às demandas de infraestrutura e integração.
Como foi construída a ligação ferroviária sob o Bósforo?
A construção do Marmaray envolveu desafios significativos, principalmente devido à geografia do Estreito de Bósforo e à atividade sísmica da região. O ponto central do projeto é o túnel submerso, considerado o mais profundo do mundo para sistemas ferroviários, instalado a cerca de 60 metros abaixo do nível do mar.
Para garantir a segurança, o túnel foi projetado com sistemas de flexibilidade e resistência a terremotos, incorporando comportas de emergência e materiais de alta durabilidade.
Durante a execução, foram utilizadas técnicas avançadas de engenharia, como a instalação de seções pré-fabricadas do túnel, cada uma pesando aproximadamente 18 mil toneladas. Essas estruturas foram cuidadosamente posicionadas sob as águas do Bósforo, superando correntes marítimas intensas e exigindo precisão milimétrica.
Quais descobertas arqueológicas marcaram o Projeto Marmaray?
As escavações necessárias para a construção do Marmaray revelaram um verdadeiro tesouro arqueológico sob a cidade de Istambul. Entre as descobertas mais notáveis estão vestígios do antigo Porto de Teodósio, naufrágios bizantinos e um assentamento neolítico com cerca de 8.500 anos.
Essas revelações trouxeram novas perspectivas sobre a história da região, ampliando o conhecimento sobre a ocupação humana e as rotas comerciais do passado.