Especialistas estabeleceram recentemente um novo parâmetro para a definição da hipertensão arterial, popularmente conhecida como pressão alta. A mudança, resultado de um consenso entre as principais entidades cardiológicas da Argentina, redefine o valor considerado seguro para a pressão arterial em adultos, com o objetivo de reforçar a prevenção de doenças cardiovasculares graves, como o infarto do miocárdio e o acidente vascular cerebral (AVC). Essas condições estão entre as principais causas de mortes prematuras no país.
Até então, o valor tradicionalmente aceito para pacientes com hipertensão arterial era de até 14 por 9 (140/90 mmHg). Contudo, após análises clínicas recentes e a avaliação de novos dados epidemiológicos, os especialistas concluíram que esse patamar já não proporciona a segurança necessária. Com isso, o novo limite recomendado foi estabelecido em 13 por 8 (130/80 mmHg).
Embora a alteração represente uma diferença aparentemente pequena — apenas alguns milímetros de mercúrio —, ela é significativa do ponto de vista da saúde pública. De acordo com estudos que embasaram a nova recomendação, a redução desses valores pode contribuir para a prevenção de aproximadamente 15% dos casos de infarto e até 18% dos episódios de AVC, reforçando o potencial impacto positivo da medida.
O impacto silencioso da hipertensão e a necessidade de prevenção
A decisão de ajustar os limites foi motivada pelo reconhecimento do caráter silencioso e cumulativo da hipertensão arterial. A pressão alta, frequentemente, não apresenta sinais visíveis, o que favorece tanto o subdiagnóstico quanto o tratamento inadequado da condição. Atualmente, estima-se que apenas cerca de 40% das pessoas hipertensas tenham conhecimento do seu quadro. E, entre os que são diagnosticados, apenas uma parcela reduzida recebe o tratamento ideal para manter a pressão arterial sob controle.
Essa realidade resulta em milhares de mortes evitáveis, provocadas por complicações associadas à hipertensão, como falência renal, derrames cerebrais e infartos. Por isso, os especialistas defendem que a prevenção deve começar pela detecção precoce, com a medição regular da pressão arterial, inclusive em consultas de rotina. A adoção de hábitos saudáveis também se destaca como uma estratégia fundamental para prevenir a pressão alta e seus efeitos nocivos.
Entre as medidas preventivas recomendadas, destacam-se a alimentação balanceada, a redução do consumo de sal, a prática regular de exercícios físicos e o abandono do tabagismo. Além disso, seguir rigorosamente o tratamento prescrito por profissionais de saúde é considerado essencial para manter a pressão sob controle.
A nova diretriz, ao estabelecer parâmetros mais rigorosos, representa um desafio adicional tanto para médicos quanto para pacientes. No entanto, ela também surge como uma oportunidade concreta para reduzir de maneira expressiva o impacto das doenças cardiovasculares na sociedade. A pressão arterial ideal, agora mais baixa, pode ser um elemento decisivo na busca por uma população mais saudável e com maior longevidade.