A história do “Mar de Minas” remonta ao período imperial, quando Minas Gerais adquiriu uma faixa de terra no extremo sul da Bahia, na esperança de ter uma saída para o mar. Este episódio, que começou há mais de 140 anos, ainda desperta curiosidade e debate, especialmente com as discussões recentes sobre a reativação da antiga ferrovia Bahia-Minas.
O negócio envolveu a compra de uma faixa de terra de 12 quilômetros de largura por 142 quilômetros de extensão, acompanhando o leito da antiga Companhia de Estrada de Ferro Bahia-Minas. Apesar do pagamento efetuado, o mar nunca fez parte do território mineiro, e a questão permanece sem solução definitiva até hoje.
Por que Minas Gerais nunca teve acesso ao mar?
A transação que visava garantir a Minas Gerais uma saída para o Oceano Atlântico envolveu a aquisição de terras hipotecadas ao Banco de Crédito Real do Brasil. No entanto, a liquidação do banco e a falta de resgate da propriedade imobiliária deixaram a questão em aberto. Especialistas em direito afirmam que, mesmo com o pagamento realizado, não houve uma alteração oficial nas divisas estaduais.
Antes de ser um estado como é hoje, Minas Gerais estava junto com São Paulo, e no momento da separação das terras, os paulistas ficaram com acesso ao Atlântico. Os estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo já existiam, também atrapalhando a chegada dos mineiros ao mar.
Qual é a importância da ferrovia Bahia-Minas?
A ferrovia Bahia-Minas, inaugurada em 1881 e desativada em 1966, desempenhou um papel crucial na ligação entre Minas Gerais e o litoral baiano. A concessão de terras devolutas ao longo dos trilhos foi uma tentativa de incentivar a construção da linha férrea. No entanto, dificuldades financeiras levaram à hipoteca das terras, culminando na aquisição pelo governo mineiro.
Os “baianeiros” e a conexão cultural com o litoral
Apesar de não ter uma praia oficial, muitos mineiros, conhecidos como “baianeiros”, mantêm uma forte conexão cultural com o litoral baiano. Eles frequentemente visitam a região, aproveitando a proximidade e a facilidade de acesso. Para esses mineiros, a intimidade com o mar é mais importante do que a questão territorial.