A cantora Roberta Miranda chamou a atenção ao falar publicamente sobre um momento delicado de sua vida: o vício em compras. Atualmente dona de um acervo milionário de roupas, a artista reconheceu que sua compulsão a levou a perder o controle financeiro.
Embora muitas pessoas encarem esse tipo de comportamento como algo inofensivo ou apenas um exagero, especialistas apontam que ele pode ser um transtorno sério que merece atenção clínica.
Em conversa com a CARAS Brasil, o psiquiatra José Fernandes Vilas analisou o comportamento da cantora e explicou os impactos desse vício, que é mais comum do que se imagina. Segundo ele, esse tipo de compulsão pode ser considerado uma condição psiquiátrica legítima e tende a vir acompanhada de consequências emocionais e financeiras severas.
Quando o hábito de comprar vira uma doença?
De acordo com Vilas, o vício em compras não é apenas um comportamento impulsivo ou um problema de controle com o cartão de crédito. Ele é reconhecido pela medicina com o nome de oniomania e está classificado como um transtorno do controle de impulsos, o que o insere dentro do espectro de doenças psiquiátricas.
“Sim, o vício em compras, também conhecido como oniomania, é considerado um transtorno do controle de impulsos e pode ser classificado dentro dos transtornos psiquiátricos“, afirmou o especialista.
O comportamento passa a ser considerado um problema clínico quando começa a interferir negativamente na vida da pessoa, afetando suas finanças, relações e bem-estar emocional. “O comportamento deixa de ser um simples hábito e passa a ser um sinal clínico quando a pessoa perde o controle sobre suas compras, gera dívidas significativas, sente culpa ou sofrimento emocional após gastar e compromete sua vida pessoal, social ou financeira”, explicou Vilas.
Além disso, ele aponta que essa compulsão frequentemente aparece associada a outras condições emocionais e psicológicas.
“Existe uma relação direta. A compulsão por compras frequentemente está associada a transtornos de ansiedade, depressão e transtorno bipolar. Muitas vezes, o ato de comprar funciona como um mecanismo de compensação emocional para aliviar sentimentos de tristeza, angústia ou vazio. No entanto, essa compensação é temporária e costuma agravar o sofrimento emocional a longo prazo.”
O tratamento recomendado envolve diferentes áreas de cuidado. “O tratamento mais indicado é multidisciplinar. Acompanhamento psiquiátrico é fundamental para avaliar e tratar possíveis transtornos de base, como depressão ou ansiedade. A psicoterapia, especialmente a terapia cognitivo-comportamental, é altamente eficaz para ajudar o paciente a identificar e modificar padrões disfuncionais“, disse o médico.
Ele também destaca que, em casos mais graves, o uso de medicamentos pode ser necessário, assim como o suporte familiar e educação financeira.
Roberta Miranda superou a compulsão e promove ação beneficente
Após enfrentar momentos difíceis por conta do transtorno, Roberta Miranda demonstrou ter superado o problema. Como forma de desapego e também solidariedade, a cantora anunciou que colocará à venda diversas peças de seu vasto guarda-roupa em um evento especial de Dia das Mães.
O bazar beneficente acontecerá no sábado, dia 10 de maio, na unidade Jardins do Peça Rara Brechó, em São Paulo (SP), com venda tanto presencial quanto online. Todo o valor arrecadado será destinado a organizações que atuam na proteção de animais abandonados e vítimas de maus-tratos.
A iniciativa marca uma nova fase na vida da artista, que além de falar abertamente sobre o problema, mostra que é possível superar a compulsão e ainda transformar a experiência em algo positivo para outras causas.