Nos últimos anos, a inteligência artificial (IA) tem sido cada vez mais utilizada para criar experiências digitais que emocionam, surpreendem e também geram debates. Um dos usos mais recentes e impactantes da tecnologia foi a criação de vídeos que trazem de volta à cena personalidades já falecidas, como Ayrton Senna, Silvio Santos e Michael Jackson — e que, em breve, podem incluir nomes como o de Marília Mendonça, ícone da música brasileira.
Essas produções, especialmente quando associadas a temas sensíveis como o Natal, despertam uma mistura de sentimentos no público, que vão da comoção à reflexão ética sobre os limites desse tipo de homenagem virtual.
Em um vídeo natalino que circulou nas redes sociais, avatares digitais dessas figuras históricas interagiram em um ambiente festivo e nostálgico, simulando diálogos e gestos com uma aparência bastante realista. A tecnologia envolvida impressiona, mas também levanta questões profundas: até que ponto é saudável “reviver” figuras queridas publicamente? E como isso afeta o processo de luto de fãs e familiares?
A inteligência artificial como ferramenta de homenagem e controvérsia
A aplicação de IA para recriar imagens, vozes e expressões de pessoas que já se foram não é nova, mas tem ganhado mais espaço à medida que os recursos técnicos evoluem. No campo das homenagens, essas recriações digitais podem funcionar como uma forma de manter viva a memória de ídolos que marcaram gerações. Em alguns casos, como foi visto com Michael Jackson ou Ayrton Senna, o sentimento predominante entre os espectadores é de admiração e emoção, por poder “reencontrar” figuras que deixaram saudade.
Por outro lado, nem todos reagem da mesma forma. Para algumas pessoas, o uso dessas representações digitais pode ser desconfortável, por parecer artificial ou até mesmo invasivo. Há quem critique a prática por considerar que ela se aproveita da imagem de pessoas que não estão mais aqui para consentir com sua utilização. A linha entre homenagem e exploração é tênue, e cada novo uso levanta discussões sobre responsabilidade emocional, ética e até legal.
A IA tem, de fato, transformado a forma como nos conectamos com a memória coletiva. Ver Marília Mendonça novamente em um vídeo interagindo com o público poderia causar forte impacto emocional em milhões de brasileiros
A tecnologia permite isso. Mas será que estamos prontos para lidar com as consequências afetivas dessa possibilidade? A resposta ainda está sendo construída, assim como os limites do que é — ou não — aceitável nesse novo mundo digital.