Recentemente, o influenciador Felipe Neto levantou uma discussão sobre a terminologia utilizada para descrever o estado civil de pessoas que já foram casadas. Ele questionou por que o termo “divorciado” é mantido, em vez de se adotar “solteiro” para aqueles que não estão mais em um matrimônio. Essa questão gerou um debate entre especialistas, que trouxeram diferentes perspectivas sobre o tema.
No Brasil, o estado civil é um atributo importante da identidade de uma pessoa, assim como o nome. A advogada Flávia Brandão, especialista em Direito de Família, explica que há um projeto de lei na Câmara dos Deputados desde 2010 que permitiria que pessoas divorciadas se identificassem como solteiras. No entanto, até o momento, não houve avanços significativos nesse sentido.
Por que o Termo “Divorciado” Ainda é Utilizado?
Segundo Flávia Brandão, uma vez que uma pessoa se casa, ela nunca retorna ao status de solteira, a menos que o casamento seja anulado judicialmente. Ela argumenta que não há vantagens em se identificar como solteiro quando, na realidade, se é divorciado. A advogada destaca que o preconceito contra pessoas divorciadas diminuiu ao longo dos anos, e que a mudança na qualificação não traria benefícios significativos.
Por outro lado, o advogado Alexandre Dalla Bernardina defende que os estados civis de divorciado e viúvo poderiam ser eliminados. Ele acredita que a manutenção desses termos é um resquício de preconceitos antigos e que a legislação deveria ser atualizada para refletir uma sociedade mais inclusiva e menos discriminatória.
O Impacto Social e Psicológico do Estado Civil
O sociólogo Antonio Alves de Almeida ressalta que o preconceito contra pessoas divorciadas tem raízes históricas. Ele explica que, no passado, o divórcio era visto negativamente, especialmente para mulheres, devido ao machismo presente na sociedade brasileira. Embora o estigma tenha diminuído, ainda persiste em alguns grupos sociais e regiões do país.
A psicóloga Claudia Paresqui Roseiro destaca que o estado civil influencia a identidade e a autopercepção das pessoas. Ela explica que a categorização como “divorciado” pode impactar negativamente a autoestima, especialmente em grupos sociais que desaprovam o divórcio.