A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) anunciou uma transformação importante nas comunicações telefônicas do país. Nos próximos três anos, todas as ligações realizadas em território nacional, tanto por linhas móveis quanto fixas, deverão passar por um novo sistema de autenticação.
Essa mudança tem como principal meta combater golpes do tipo spoofing, técnica em que criminosos simulam números legítimos para enganar os usuários. Inspirado em tecnologias já adotadas em países como Estados Unidos e Canadá, o sistema visa proporcionar mais transparência e segurança nas chamadas telefônicas.
A partir da autenticação, será possível identificar com clareza quem está realizando a ligação e qual o propósito do contato.
Como funcionará o novo sistema
A implementação do sistema exigirá que as operadoras atualizem suas redes e que os aparelhos dos usuários estejam preparados para receber as informações de autenticação. Enquanto smartphones mais modernos já têm capacidade para suportar a nova tecnologia, modelos mais antigos podem enfrentar limitações ou precisar de ajustes.
Quando estiver em pleno funcionamento, o sistema permitirá que a tela do celular exiba dados como o nome da empresa que está ligando, sua marca e até mesmo a razão social. Para isso, um processo de verificação em múltiplas etapas será utilizado.
O primeiro passo começa com o usuário contratando o serviço e fornecendo suas credenciais a uma Autoridade Identificadora e Autenticadora (AIA). A partir daí, a operadora responsável pela origem da chamada valida essas informações. Em seguida, ao repassar a ligação para a operadora de destino, ocorre uma nova verificação. Esse fluxo busca assegurar que apenas chamadas consideradas legítimas apareçam como confiáveis para o usuário final.
O desafio dos golpes telefônicos no Brasil
Apesar de representar um avanço na proteção contra fraudes, o novo sistema não será suficiente para eliminar todos os tipos de golpe. A conscientização dos usuários segue sendo um pilar fundamental no combate a crimes virtuais.
Dados recentes da empresa de cibersegurança CrowdStrike revelam que o golpe conhecido como vishing — no qual golpistas fingem ser técnicos de suporte para enganar as vítimas por telefone — teve um crescimento alarmante de 442% no ano de 2024. Esse tipo de ataque é caracterizado por enganar emocionalmente os usuários, geralmente com o objetivo de roubar dados ou acessar contas confidenciais.
O spoofing, por sua vez, é uma técnica de falsificação de identidade que pode ocorrer por meio de chamadas telefônicas, e-mails ou sites fraudulentos. Mesmo com a evolução dos mecanismos de autenticação e rastreio, especialistas reforçam que práticas de educação digital e o cuidado individual de cada usuário ainda são essenciais para manter a segurança nas comunicações.