Fernando de Noronha, conhecido por suas paisagens deslumbrantes e biodiversidade rica, esconde uma peculiaridade pouco divulgada: bebês não nascem na ilha. Desde 2004, uma recomendação administrativa orienta que todas as gestantes deixem o arquipélago para dar à luz no continente.
Localizada a aproximadamente 545 km de Recife, Noronha possui um hospital de pequeno porte, adequado apenas para atendimentos básicos e emergências. A falta de recursos para partos e complicações obstétricas levou o governo de Pernambuco a recomendar que as grávidas se desloquem para a capital no terceiro trimestre de gestação.
Por que Fernando de Noronha não tem maternidade?
A principal razão para a ausência de partos em Fernando de Noronha é a falta de infraestrutura médica. O hospital local não está equipado para realizar partos, e qualquer complicação exigiria uma evacuação aérea para o continente, um processo que pode demorar horas. Manter uma equipe obstétrica completa na ilha seria financeiramente inviável, com custos estimados em R$ 3,6 milhões por ano.
Com uma média de apenas 30 gestações anuais, o custo por nascimento na ilha seria exorbitante em comparação ao atendimento em Recife. Assim, a recomendação para que as gestantes deixem a ilha tornou-se uma prática comum, apesar de não haver uma proibição legal formalizada.
Como as gestantes lidam com a situação?
Para as mulheres de Noronha, a necessidade de deixar a ilha durante a gravidez traz desafios emocionais e logísticos. A separação da família e a ausência de uma rede de apoio local são questões frequentemente mencionadas. Além disso, o deslocamento para uma cidade desconhecida pode gerar insegurança e solidão em um momento que deveria ser de acolhimento.
Histórias como a de Ione Leal, que precisou deixar sua filha mais velha na ilha enquanto viajava para dar à luz, ilustram o impacto emocional dessa política. Apesar de ter direito a um acompanhante, muitos pais optam por permanecer na ilha devido a restrições profissionais, aumentando o sentimento de isolamento das gestantes.