A Tesla enfrenta mais uma turbulência em meio à queda de seu valor de mercado e aos efeitos colaterais de declarações controversas de seu CEO, Elon Musk. Desta vez, o motivo de preocupação é o desempenho do Cybertruck em 2025.
Dados da Cox Automotive, divulgados nesta semana, apontam que apenas 6.406 unidades da picape elétrica foram vendidas nos primeiros três meses do ano em escala global. Embora o número possa parecer razoável para um veículo de apelo específico, ele evidencia um cenário delicado para a fabricante norte-americana.
Apesar de ter dobrado em relação ao primeiro trimestre de 2024, o volume está muito aquém dos períodos anteriores: no terceiro trimestre do ano passado, 14.416 unidades foram comercializadas; no quarto trimestre, foram 12.991. Essa tendência de queda constante nas vendas levanta dúvidas sobre a sustentabilidade do projeto, que foi apresentado como uma das apostas mais ousadas da Tesla.
Se o ritmo atual se mantiver, as projeções indicam que o Cybertruck encerrará o ano com apenas cerca de 26 mil unidades vendidas — o que representa um décimo da capacidade anual que Elon Musk prometeu alcançar. A diferença entre expectativa e realidade acende um alerta vermelho tanto para investidores quanto para o setor automotivo como um todo.
Cybertruck falha em cumprir promessas e perde espaço para concorrentes
Quando foi anunciado, o Cybertruck vinha carregado de expectativas. Elon Musk afirmou repetidamente que o objetivo era produzir mais de 250 mil unidades por ano. No entanto, 2024 fechou com apenas 39 mil unidades entregues, um número bem distante do prometido. Esse desempenho decepcionante está fazendo com que o modelo seja comparado a fracassos históricos da indústria automotiva, como o Ford Edsel, o Cadillac Catera e o Pontiac Aztek.
Para piorar, concorrentes diretos têm aproveitado a oportunidade para ganhar mercado. No primeiro trimestre de 2025, a Ford superou a Tesla em vendas de picapes elétricas, com 7.187 unidades da F-150 Lightning vendidas — ultrapassando o Cybertruck. Além disso, modelos como o Chevrolet Silverado EV e o GMC Sierra EV devem chegar ao mercado em breve, o que promete aumentar ainda mais a competitividade no segmento.
Outro ponto preocupante é que, enquanto o mercado de veículos elétricos nos Estados Unidos cresceu 11% no primeiro trimestre, a Tesla teve uma retração de 8,6% em suas vendas totais. A empresa continua agrupando os dados do Cybertruck com os dos modelos Model S e Model X, mas estimativas da Cox Automotive indicam que cerca de 6.400 unidades da picape foram comercializadas no período, além de 5.100 sedãs de luxo — modelos que já demonstram sinais de envelhecimento no mercado.
Essa queda no desempenho atinge diretamente a imagem da Tesla como referência em inovação. Durante anos, a marca manteve uma vantagem clara sobre os concorrentes no setor de elétricos, mas agora precisa enfrentar empresas que oferecem alternativas mais acessíveis, tecnológicas e com entrega mais rápida.
O projeto do Cybertruck ainda sofre com problemas logísticos e técnicos. Atrasos na produção, dificuldades na fabricação e limitações técnicas afastaram muitos consumidores. O preço, que originalmente começaria em US$ 39.900, saltou para valores acima de US$ 60.000 nas versões iniciais — uma diferença que causou frustração entre os compradores que aguardavam o modelo desde sua primeira apresentação.
Com isso, a Tesla precisa rever sua estratégia para recuperar a confiança do público e manter sua relevância no mercado de veículos elétricos.