Cientistas das agências espaciais NASA, ESA (Agência Espacial Europeia) e JAXA (Agência de Exploração Aeroespacial do Japão) revelaram uma descoberta impressionante sobre o comportamento de um buraco negro supermassivo localizado no centro de uma galáxia distante.
Utilizando dados captados pelo observatório espacial XRISM, equipado com sensores de altíssima precisão, os pesquisadores observaram que esse buraco negro está emitindo rajadas de energia extremamente poderosas, comparáveis a tiros disparados quase na velocidade da luz.
De acordo com informações publicadas no portal Earth.com, este tipo de comportamento jamais havia sido detectado com tal nível de detalhe, colocando em xeque teorias estabelecidas sobre a dinâmica dos buracos negros e o processo de formação das galáxias.
Buracos negros supermassivos são conhecidos como estruturas colossais, concentrando massas que podem ser milhões ou até bilhões de vezes superiores à do Sol. Eles ocupam a região central da maioria das galáxias, inclusive da Via Láctea. Alimentam-se de uma vasta quantidade de gás, poeira e até mesmo estrelas, gerando campos gravitacionais tão intensos que nem mesmo a luz consegue escapar de sua influência.
Embora já se soubesse que esses corpos celestes emitem ventos e jatos de partículas em velocidades extremas, os dados recentes revelam que tais emissões são muito mais violentas e destrutivas do que se imaginava.
Rajadas como balas cósmicas atingem um terço da velocidade da luz
Os novos registros mostram que os ventos produzidos pelos buracos negros não são fluxos contínuos e suaves, como se acreditava anteriormente. Na realidade, eles se manifestam como explosões caóticas, semelhantes a balas de energia que atravessam o espaço a velocidades impressionantes — cerca de 100 mil quilômetros por segundo, o equivalente a aproximadamente um terço da velocidade da luz.
A professora Christine Done, do Centro de Astronomia Extragaláctica da Universidade de Durham, explicou que “esses ventos não são suaves. Eles são altamente caóticos, cheios de aglomerados de matéria que se comportam como tiros de energia disparados pelo espaço.”
Esse fenômeno foi detectado no quasar PDS 456, considerado um dos buracos negros mais brilhantes e próximos da Terra, e que já vem sendo estudado pela comunidade científica há várias décadas. A novidade, contudo, é a constatação do formato intermitente e explosivo desses ventos, uma característica que até então não fazia parte das descrições tradicionais sobre o comportamento desses objetos.
A descoberta tem implicações diretas para o entendimento sobre a evolução das galáxias. Os cientistas apontam que essas rajadas de energia são tão intensas que conseguem colidir com nuvens de gás e poeira presentes na galáxia hospedeira, criando choques violentos.
Esse impacto pode impedir a formação de novas estrelas, o que ajuda a explicar por que algumas galáxias deixam de gerar estrelas e entram em um processo de estagnação e colapso evolutivo. Contudo, os efeitos dessas explosões não são homogêneos: enquanto algumas regiões podem ser severamente afetadas e até destruídas, outras conseguem manter a capacidade de formar estrelas normalmente.
Outro aspecto importante da pesquisa é a mudança de paradigma que ela representa para os modelos científicos atuais. Antes, imaginava-se que os ventos de buracos negros fossem constantes e lineares, mas as novas observações indicam que eles ocorrem como rajadas intermitentes, formadas por milhões de aglomerados de matéria, cada qual com sua própria velocidade e composição química. Graças à tecnologia avançada do XRISM, foi possível medir cinco velocidades distintas nesses ventos, revelando uma complexidade jamais observada.
Esse avanço científico não apenas amplia o conhecimento sobre o funcionamento dos buracos negros, mas também aprofunda a compreensão sobre o papel que esses gigantescos objetos desempenham na estruturação e evolução das galáxias ao longo do tempo. A descoberta reforça a importância de missões espaciais equipadas com sensores de última geração, capazes de captar fenômenos extremos e revelar as forças dinâmicas que moldam o universo.