A aquisição do Acre pelo Brasil é um episódio histórico que envolve negociações diplomáticas e interesses econômicos. O Tratado de Petrópolis, assinado em 17 de novembro de 1903, formalizou a transferência do território do Acre da Bolívia para o Brasil. Este acordo foi resultado de uma série de conflitos e negociações que refletiam a complexidade das relações entre os dois países na virada do século XX.
O Brasil, ao longo do século XIX, viu a região do Acre ser ocupada por migrantes brasileiros, principalmente nordestinos, que se dedicavam à extração da borracha. A Bolívia, por sua vez, tinha dificuldades em manter uma presença efetiva na área, o que culminou em tentativas de arrendamento do território a companhias estrangeiras, como o Bolivian Syndicate.
O Tratado de Petrópolis: O que estava em jogo?
O Tratado de Petrópolis foi um marco na história diplomática do Brasil. Em troca do Acre, o Brasil cedeu terras no Mato Grosso, comprometeu-se a construir a estrada de ferro Madeira-Mamoré e pagou 2 milhões de libras esterlinas à Bolívia. A negociação visava não apenas a aquisição territorial, mas também a estabilização das relações entre os dois países, que estavam tensas devido aos conflitos na região.
Embora existam histórias sobre a inclusão de cavalos na negociação, não há evidências documentais no tratado que confirmem essa narrativa. O historiador Oscar Medeiros Filho, da Universidade de São Paulo, destaca que a suposta doação de cavalos brancos como símbolo de amizade não consta nos registros oficiais do acordo.
Por que o Acre era importante para o Brasil?
A importância do Acre para o Brasil estava ligada principalmente à economia da borracha. Durante o auge do ciclo da borracha, a região era uma das principais fornecedoras do látex, matéria-prima essencial para a indústria mundial. A presença de brasileiros na área e a falta de controle efetivo por parte da Bolívia tornaram a incorporação do Acre uma questão estratégica para o Brasil.
Além disso, a construção da estrada de ferro Madeira-Mamoré era vista como um projeto crucial para facilitar o escoamento da produção de borracha e integrar melhor a região amazônica ao restante do país.