O Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) é uma enfermidade autoimune crônica, caracterizada por manifestações diversas que podem afetar múltiplos órgãos e sistemas do corpo humano. Em suas formas mais severas, e na ausência de tratamento adequado, o lúpus pode até colocar a vida em risco.
Apesar de ainda não haver cura, o aumento da visibilidade sobre a doença nas últimas décadas, principalmente graças à exposição promovida por artistas e personalidades públicas que convivem com o lúpus, vem contribuindo significativamente para a conscientização da sociedade.
Figuras renomadas como Lady Gaga, Selena Gomez, Astrid Fontenelle e Seal são exemplos de famosos que, ao compartilhar publicamente suas experiências, ajudam a quebrar tabus, esclarecer dúvidas e reforçar a importância do diagnóstico precoce e da adesão ao tratamento.
O debate sobre o lúpus ganhou relevância nas redes sociais e na mídia, justamente impulsionado pelo relato dessas celebridades que, com suas plataformas de alcance mundial, dão voz a milhares de pessoas que enfrentam os desafios dessa condição silenciosa e complexa.
Ao falarem sobre suas rotinas de cuidados, medicações e limitações impostas pela doença, essas personalidades oferecem não apenas informação, mas também acolhimento e inspiração a quem passa pela mesma situação, reforçando que, embora não exista cura, é possível levar uma vida plena com acompanhamento médico e disciplina.
As histórias de famosos que convivem com o lúpus
Selena Gomez foi diagnosticada com lúpus em 2015, quando tinha apenas 21 anos. A gravidade do quadro levou a cantora e atriz a realizar um transplante de rim após complicações decorrentes da doença. Desde então, ela convive com os efeitos colaterais de medicamentos contínuos, que impactam não apenas sua saúde, mas também sua aparência.
Enfrentando críticas e especulações nas redes sociais sobre as mudanças físicas, Selena recorreu ao seu perfil pessoal para esclarecer que essas transformações são resultado do tratamento e que priorizar sua saúde sempre será sua escolha. Sua fala reforçou o discurso de autocuidado e de respeito às limitações impostas pela enfermidade.
A apresentadora e jornalista brasileira Astrid Fontenelle também enfrenta o lúpus desde 2012, ano em que recebeu o diagnóstico. A doença afetou seriamente órgãos vitais como rins, pulmões e articulações, exigindo dela um comprometimento absoluto com tratamentos e monitoramento constante. Mesmo estando atualmente em remissão, Astrid mantém uma rotina disciplinada de cuidados e faz questão de compartilhar sua experiência nas redes sociais, atuando como uma importante voz de conscientização sobre o lúpus no Brasil. Sua exposição pública serve como alerta sobre a gravidade da condição e sobre a necessidade de diagnóstico precoce.
Lady Gaga revelou em 2010, durante uma entrevista concedida a Larry King, que possui lúpus, ainda que não apresente manifestações clínicas ativas. A cantora relatou que há um histórico familiar da doença e que, por esse motivo, realiza exames de rotina para monitoramento. Em 2017, Gaga também tornou pública sua luta contra a fibromialgia, uma síndrome crônica caracterizada por dores generalizadas.
No documentário da Netflix “Gaga: Five Foot Two”, a artista mostra os bastidores de sua rotina, revelando como lida com as dores e limitações físicas provocadas pela doença, contribuindo para ampliar o entendimento sobre condições autoimunes e crônicas.
O cantor britânico Seal vive com uma forma diferente de lúpus, o lúpus eritematoso discóide (LED), que afeta principalmente a pele. As cicatrizes visíveis em seu rosto, uma das marcas registradas de sua imagem, são resultado direto das lesões cutâneas causadas pela doença, que começou a se manifestar quando ele tinha 21 anos.
A exposição de Seal também é fundamental para ampliar o conhecimento sobre as diferentes manifestações do lúpus, já que muitas pessoas ainda acreditam que a condição afeta exclusivamente órgãos internos, quando na verdade pode se expressar de maneiras distintas, inclusive dermatológicas.
O lúpus pode se apresentar sob quatro formas principais, conforme classificação do Ministério da Saúde:
- Lúpus Discoide: afeta exclusivamente a pele, provocando lesões avermelhadas com tamanhos, formatos e colorações variadas, especialmente no rosto, couro cabeludo e nuca.
- Lúpus Sistêmico: tipo mais comum da doença, pode variar entre quadros leves e graves, atingindo diversos órgãos e sistemas, como rins, pulmões, coração, sangue e articulações. Indivíduos inicialmente diagnosticados com a forma discoide podem, com o tempo, desenvolver a forma sistêmica.
- Lúpus induzido por drogas: resultado de uma resposta adversa a determinados medicamentos, os sintomas dessa modalidade geralmente desaparecem após a suspensão da substância causadora.
- Lúpus neonatal: forma rara que afeta recém-nascidos de mães portadoras de lúpus. Os bebês podem apresentar lesões cutâneas, alterações hepáticas e alterações na contagem de células sanguíneas, embora, na maioria dos casos, esses sinais desapareçam espontaneamente nos primeiros meses de vida.
Graças à coragem de personalidades que expõem suas vivências com o lúpus, a doença passou a ser tema recorrente em debates sobre saúde pública e bem-estar. Esse movimento contribui não apenas para aumentar o nível de informação da população, mas também para reduzir o preconceito e o estigma em torno das enfermidades autoimunes, que, muitas vezes, são invisibilizadas pela ausência de sintomas aparentes ou pela desinformação.