Uma nova pesquisa publicada na revista Communications Earth & Environment indica que a quantidade de gelo na Lua pode ser maior do que se estimava anteriormente.
Essa revelação pode influenciar diretamente os planos de futuras missões espaciais, como a missão Artemis, que tem como objetivo estabelecer bases sustentáveis no satélite natural da Terra.
O estudo se baseou em dados obtidos pela missão indiana Chandrayaan-3, realizada em 2023. As informações coletadas oferecem uma nova compreensão sobre a superfície da Lua e suas variações de temperatura.
Como foi feita a pesquisa?
A pesquisa foi liderada por Durga Prasad e sua equipe, que analisaram medições de temperatura feitas na superfície e até dez centímetros abaixo dela. Esses dados foram gerados pelo experimento ChaSTE, que integrou o módulo de pouso Vikram. A sonda pousou na região do polo sul lunar, em uma latitude aproximada de 69° sul.
Os resultados apontaram contrastes térmicos marcantes: uma encosta voltada diretamente para o Sol registrou temperatura de até 82°C, enquanto uma área plana nas proximidades apresentou um máximo de 59°C.
Durante o período noturno na Lua, as temperaturas caíram drasticamente, atingindo -168,1°C. A partir desses dados, os cientistas conseguiram criar um modelo que associa a inclinação do terreno com as variações de temperatura registradas.
Esse modelo revelou que áreas com inclinação de apenas 14°, voltadas em direção ao polo mais próximo, podem alcançar temperaturas suficientemente baixas para possibilitar tanto a formação quanto a preservação de gelo na superfície.
Missões futuras
A identificação de gelo na Lua tem grande importância para as futuras missões de exploração espacial. A água em estado sólido pode servir tanto para o consumo dos astronautas quanto para ser transformada em oxigênio e hidrogênio, componentes fundamentais na produção de combustível para foguetes.
É relevante destacar que as missões anteriores, como as do programa Apollo, não realizaram medições detalhadas nas regiões polares da Lua — áreas onde há maior probabilidade de encontrar gelo.
Com as novas informações, a missão Artemis, que planeja levar astronautas novamente ao solo lunar, poderá selecionar locais de pouso mais vantajosos, considerando a proximidade com possíveis depósitos de gelo.
Além disso, a descoberta reforça o potencial para o desenvolvimento de bases lunares com maior autonomia. A presença de água no próprio satélite pode diminuir a dependência de suprimentos vindos da Terra, facilitando a permanência humana por períodos mais longos.