A vasta extensão do Saara, conhecida hoje por suas dunas e clima árido, nem sempre foi um deserto inóspito. Há cerca de 7.000 anos, a região de Takarkori, localizada no sudoeste da Líbia, era uma savana verdejante, repleta de árvores, lagos e rios. Este ambiente fértil abrigava uma variedade de fauna, incluindo hipopótamos e elefantes, e era o lar de comunidades humanas que viviam de forma pastoril.
Recentemente, cientistas conseguiram sequenciar os primeiros genomas completos dos antigos habitantes dessa região, a partir de amostras de esqueletos encontrados no sítio arqueológico de Takarkori. Este avanço permitiu uma compreensão mais profunda sobre como essas pessoas viviam e interagiam com o ambiente ao seu redor.
Como Era a Vida no “Saara Verde”?
Os habitantes do Saara verde eram comunidades que dependiam da pesca e do pastoreio de ovelhas e cabras para sua subsistência. As condições climáticas e geográficas da época proporcionavam um habitat ideal para a prática dessas atividades. A presença de grandes corpos d’água e vegetação abundante facilitava a vida pastoral e a pesca, permitindo que essas comunidades prosperassem.
Os vestígios arqueológicos encontrados em Takarkori, incluindo os restos mortais de pelo menos 15 mulheres e crianças, indicam que a região era densamente povoada. As práticas culturais e sociais dessas comunidades ainda são objeto de estudo, mas o sequenciamento genético trouxe novas luzes sobre suas origens e modos de vida.
O Que Revela o DNA dos Antigos Habitantes?
O sequenciamento do DNA dos esqueletos encontrados em Takarkori revelou que esses indivíduos pertenciam a uma população isolada, sem muitas conexões genéticas com outras populações africanas conhecidas da época. Esta descoberta sugere que a região não era uma rota comum de migração, o que contribuiu para o isolamento genético observado.
Apesar do isolamento genético, a prática do pastoreio sugere que houve algum nível de intercâmbio cultural com outros povos. Isso pode ter ocorrido por meio de contatos esporádicos que não deixaram marcas genéticas significativas, mas que permitiram a troca de conhecimentos e práticas culturais.