Recentemente, um estudo publicado na revista científica Nature trouxe novas luzes sobre a formação dos continentes na Terra. Pesquisadores descobriram que a “impressão digital química” dos continentes atuais já estava presente na primeira crosta terrestre, formada há cerca de 4,5 bilhões de anos. Esta descoberta desafia a crença de que a tectônica de placas seria necessária para criar as características químicas distintivas dos continentes.
Simon Turner, professor da Macquarie University, liderou a pesquisa que envolveu cientistas da Austrália, Reino Unido e França. Por décadas, a comunidade científica buscou entender quando a tectônica de placas começou, analisando rochas antigas em busca de nióbio, um elemento químico que funciona como uma assinatura da crosta continental. No entanto, os resultados eram inconsistentes, levando Turner a questionar se a abordagem estava correta.
Como a Protocrusta Hadeana Influenciou a Formação Continental?
Os pesquisadores desenvolveram modelos matemáticos para simular as condições da Terra primitiva, quando o núcleo do planeta estava se formando e a superfície era coberta por um oceano de rocha derretida. Os resultados indicaram que, nas condições iniciais do planeta, o nióbio seria naturalmente atraído para o núcleo metálico em formação, deixando a crosta superficial com baixa concentração desse elemento.
Com base nesses achados, os cientistas propõem um novo modelo para a formação dos continentes. A primeira crosta terrestre, chamada de “protocrusta hadeana”, já possuía a assinatura química dos continentes atuais. Esta crosta primitiva foi posteriormente fragmentada e remodelada por intensos bombardeios de meteoritos, com pedaços maiores se acumulando em algumas regiões, formando os primórdios dos continentes.
Quais as Implicações para o Estudo de Outros Planetas?
A descoberta não apenas transforma o entendimento sobre a evolução geológica da Terra, mas também oferece novas perspectivas para o estudo de outros planetas rochosos no universo. A pesquisa sugere que a tectônica de placas pode ter funcionado inicialmente em ciclos, desencadeados por impactos de meteoritos, até se estabilizar como um processo contínuo há cerca de 3,8 bilhões de anos, quando o bombardeamento meteórico diminuiu drasticamente.