Uma escritora brasileira, vive há quase cinco anos as consequências de uma internação psiquiátrica forçada, que se tornou alvo de investigações criminais e processos judiciais no Rio de Janeiro. Todas as informações foram apuradas pela revista Piauí.
O episódio ocorreu em outubro de 2019, quando ela foi levada contra sua vontade para uma clínica psiquiátrica em Botafogo, sob o diagnóstico de hipomania, caracterizado por agitação e autoestima excessiva.
A internação foi articulada por seu ex-marido, presidente da Universal Music Brasil, com o apoio de uma psiquiatra amiga da família. Na época, ela estava em processo de separação e iniciando um novo relacionamento, o que, segundo investigações, teria motivado a ação do ex-marido. Ele alegou que a ex-esposa estava fora de si e sob influência de um “trabalho espiritual”.
Quais foram as consequências da internação?
Durante os 21 dias em que permaneceu confinada, a escritora ficou sem contato com o mundo externo. Sua libertação só foi possível graças à intervenção da mãe de outra paciente internada, que conseguiu levar uma carta ao novo namorado dela. Em novembro de 2019, a Justiça expediu um habeas corpus ordenando sua imediata soltura.
O caso se transformou em uma complexa batalha judicial. O presidente da Universal Music Brasil foi indiciado pelo Ministério Público e responde como réu por sequestro, cárcere privado e invasão de dispositivo eletrônico.
Também foram denunciados a psiquiatra e o ex-diretor técnico da clínica. O processo tramita em segredo de Justiça no Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher.
Como a escritora lidou com as repercussões do caso?
Após o ocorrido, o ex-casal se divorciou formalmente em dezembro de 2019. A escritora afirma que tudo o que recebeu na partilha de bens foi gasto com honorários de advogados nos primeiros anos após a denúncia. Ela precisou vender seu apartamento para pagar as custas do processo e mudou-se para a casa onde funciona sua editora.