Um estudo do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA aponta que uma obra gigante realizada na China pode estar afetando, ainda que de forma mínima, a rotação da Terra.
Trata-se do Projeto de Transferência Sul-Norte de Água, uma infraestrutura iniciada em 2002, que visa redistribuir bilhões de metros cúbicos de água do sul para o norte do país, especialmente para regiões como Pequim e Tianjin.
Segundo os pesquisadores, o deslocamento de grandes volumes de água por meio de canais artificiais pode ter causado alterações no eixo de rotação terrestre. O estudo afirma que a retirada de aproximadamente 350 bilhões de toneladas de água subterrânea na China entre 1993 e 2010 contribuiu para uma leve mudança no polo de rotação do planeta em direção ao leste, próximo a 80° de longitude leste.
Efeito do bombeamento de água subterrânea no eixo da Terra
O estudo observa que o esgotamento de aquíferos subterrâneos em larga escala não apenas reconfigura os recursos hídricos locais, mas também interfere na distribuição da massa terrestre. O deslocamento da água retirado principalmente das regiões de planície no norte da China altera o centro de massa do planeta, podendo afetar sua rotação.
Cientistas comparam o fenômeno ao movimento de um patinador: ao mover os braços, a velocidade da rotação muda. No caso da Terra, a retirada e redistribuição de água têm efeito similar, embora em escala muito reduzida. A NASA calculou que, por conta desse bombeamento, o eixo de rotação foi deslocado em cerca de 4,36 centímetros por ano.
Obra chinesa continua em expansão
O Projeto de Transferência Sul-Norte de Água possui três rotas principais — leste, central e oeste — e foi desenvolvido para atender à escassez hídrica nas regiões mais populosas do norte chinês. A rota central, que parte da província de Hubei, no sul do país, já transporta bilhões de metros cúbicos de água anualmente para cidades como Pequim.
A obra continua em expansão e é considerada uma das maiores intervenções humanas nos sistemas naturais do planeta. Embora os efeitos na rotação da Terra sejam pequenos e imperceptíveis na rotina humana, os cientistas destacam a importância de monitorar como grandes obras podem alterar, mesmo que sutilmente, a dinâmica global do planeta.