O Ministério Público de Goiás (MPGO) está investigando um esquema sofisticado de crimes cibernéticos contra compositores do universo sertanejo. Entre as vítimas estão nomes como Valéria Costa, Wallas Dias, Daniel Decc e Higor Netto. Estima-se que os prejuízos ultrapassem R$ 6 milhões, com mais de 400 músicas afetadas.
Como Funciona o Golpe?
O esquema explorava o processo de criação e negociação das músicas, conhecido como guias. Compositores gravam essas versões preliminares para apresentá-las a artistas, empresários e produtores musicais. No entanto, os criminosos interceptavam essas guias antes que fossem lançadas.
A estratégia incluía criar artistas fictícios nas plataformas de streaming e registrar as músicas como se fossem suas. Assim, todos os royalties gerados iam diretamente para os golpistas.
Valéria Costa, uma das vítimas, relatou ao Metrópoles que o golpe foi descoberto quando músicas foram ouvidas em plataformas digitais por pessoas que reconheceram as obras. “Eles atravessaram no meio do caminho. Criamos a música, enviamos para os artistas, e eles se apropriaram dela antes do lançamento”, contou a compositora.
Impacto Financeiro e Artístico
Cada guia custa em média R$ 250 para ser produzida, e um compositor pode criar até 20 guias por mês. Negociações para liberação exclusiva podem atingir valores entre R$ 10 mil e R$ 20 mil por música, enquanto projetos de maior relevância podem gerar até R$ 500 mil, considerando royalties e direitos autorais.
Investigações em Andamento
A operação do MPGO foi iniciada com base em jornalismo investigativo e denúncias das vítimas. Os crimes eram altamente refinados, dificultando a identificação dos responsáveis. Músicas alteradas ou registradas em nomes falsos geraram milhões de visualizações, enquanto os verdadeiros compositores ficaram sem os direitos.