A música sertaneja é um dos gêneros mais tradicionais e populares do Brasil, sendo reconhecida por sua autenticidade e pelo forte vínculo com a cultura rural. No entanto, poucas pessoas sabem que muitas mulheres desempenharam um papel essencial na formação e evolução desse estilo musical.
Com uma contribuição significativa, essas cantoras ajudaram a moldar a história do sertanejo, quebrando barreiras e desafiando a predominância masculina no gênero. A seguir, destacamos cinco dessas artistas que marcaram o sertanejo.
1. Inezita Barroso: A Rainha da Música Caipira
Inezita Barroso (1925-2015) foi uma das maiores figuras femininas na música sertaneja e caipira. Natural de São Paulo, Inezita teve uma carreira brilhante, não apenas como cantora, mas também como instrumentista, compositora e pesquisadora. Sua trajetória foi marcada pela luta para dar visibilidade à música caipira, algo fundamental para a valorização do gênero.
Seu trabalho não se limitava apenas à música, Inezita também foi uma defensora das tradições culturais brasileiras. Ao longo de sua carreira, ela gravou mais de 20 discos, e suas canções se tornaram verdadeiros hinos do sertanejo. Inezita também foi a primeira mulher a apresentar o programa “Viola, Minha Viola”, que tinha como objetivo difundir a música caipira, tornando-a ainda mais popular.
Com canções como “Sabiá”, “Cavalo Preto” e “Na Beira do Rio”, Inezita Barroso conquistou uma legião de fãs e se consolidou como uma das maiores representantes da música sertaneja. Sua capacidade de fazer o público se emocionar e sua influência sobre a música brasileira garantem seu lugar de destaque na história do gênero.
2. Helena Meirelles: A Violeira do Sertão
Helena Meirelles (1924-2010) foi uma das pioneiras a se destacar como violeira no sertanejo. Nascida em Mato Grosso do Sul, ela foi uma das poucas mulheres a se aventurar no mundo da música sertaneja, dominado por músicos homens. Ela se tornou referência na viola caipira, um dos instrumentos mais característicos do gênero.
Além de sua habilidade com a viola, Helena Meirelles era também uma talentosa compositora. Suas músicas traziam consigo uma profunda conexão com o sertão e suas tradições, refletindo a vida no campo e os sentimentos do homem rural. Seu legado foi imortalizado em álbuns como “Canta Helena Meirelles” e “Viola e Canção”.
Seu trabalho ajudou a legitimar a presença feminina no sertanejo e, com sua sensibilidade única, Helena Meirelles conquistou um espaço importante na história da música caipira.
3. Roberta Miranda: A Compositora que Revolucionou o Sertanejo Feminino
Roberta Miranda, nascida na Paraíba, é uma das maiores compositoras da música sertaneja e tem sido responsável por inúmeras canções que se tornaram sucesso em todo o Brasil. Desde jovem, Roberta foi uma grande entusiasta da música, escrevendo suas primeiras canções ainda na adolescência.
Compositora de grandes sucessos como “Majestade, o Sabiá”, “Vá Com Deus” e “Avião”, Roberta revolucionou a cena sertaneja, principalmente pelo fato de ser uma mulher compositora em um cenário predominantemente masculino. Ela também se destacou como intérprete e sua carreira solo foi consolidada com discos de grande sucesso. Seu álbum de estreia, que trouxe a icônica “Majestade, o Sabiá”, vendeu mais de 1,5 milhão de cópias.
Roberta Miranda é reconhecida por sua habilidade única de compor letras que falam diretamente ao coração dos ouvintes. Ela também é uma das pioneiras da música sertaneja feminina, quebrando barreiras e mostrando que as mulheres poderiam ocupar seu lugar no palco principal do sertanejo.
4. Marília Mendonça: A “Rainha da Sofrência”
Marília Mendonça (1995-2021) foi uma das artistas mais influentes e populares da música sertaneja moderna. Nascida em Cristianópolis, Goiás, ela iniciou sua carreira muito jovem, escrevendo músicas para outros artistas antes de se tornar uma estrela por si mesma. A cantora se destacou por suas letras intensas, que falam sobre amores, desilusões e sofrimentos, temas que ressoam profundamente com o público.
Seu grande sucesso veio com a música “Infiel”, em 2016, que rapidamente se tornou um fenômeno no Brasil. A partir daí, Marília Mendonça alcançou uma popularidade imensa, com canções como “Eu Sei de Cor”, “Ciumes de Você” e “Todo Mundo Vai Sofrer”. Sua voz poderosa e suas letras autênticas fizeram dela a “Rainha da Sofrência”, um título carinhoso dado por seus fãs.
A importância de Marília Mendonça vai além de sua música: ela abriu portas para outras cantoras e compositores mulheres no sertanejo, mostrando que as mulheres podiam ser protagonistas na cena musical sertaneja. Sua morte precoce, em um acidente de avião, deixou uma enorme lacuna no gênero, mas seu legado continuará a ser lembrado por muitas gerações.
5. Simone & Simaria: As “Coleguinhas” do Sertanejo
Simone & Simaria, conhecidas como as “Coleguinhas”, são uma das duplas mais amadas e populares do sertanejo. Formada por Simone, nascida em Uibaí (BA), e Simaria, nascida em Uruçuca (BA), a dupla começou sua carreira no início dos anos 2000 e rapidamente se tornou um fenômeno nacional.
Com músicas que mesclam a modernidade do sertanejo com o tradicionalismo da música nordestina, Simone & Simaria conquistaram um enorme público com sucessos como “Sim ou Não”, “Loka” e “Regime Fechado”. Elas são reconhecidas não só pelo talento musical, mas também pela força e carisma que impõem ao palco, quebrando a ideia de que o sertanejo seria um gênero dominado por homens.
As “Coleguinhas” desempenham um papel fundamental na renovação do sertanejo feminino, trazendo uma nova cara e identidade para o gênero, e ajudando a consolidar as mulheres como protagonistas desse cenário.
As mulheres desempenharam um papel fundamental na formação da música sertaneja e continuam a ser uma força motriz na evolução do gênero. De pioneiras como Inezita Barroso e Helena Meirelles a estrelas modernas como Marília Mendonça e Simone & Simaria, essas artistas quebraram barreiras e ajudaram a expandir os limites da música sertaneja.
Sua influência permanece viva na cena musical atual, e seu legado continuará a ser passado de geração em geração, inspirando novas artistas e mantendo o sertanejo como uma das maiores expressões culturais do Brasil.